Programas sociais deixam 2,5 milhões de miseráveis de fora
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BRASÍLIA
Os programas sociais do governo
federal excluem 2,5 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da miséria e
ele não consegue localizar, de acordo com estimativa do próprio Ministério do
Desenvolvimento Social.
Encontrar essas pessoas é
essencial para a presidente Dilma Rousseff cumprir sua promessa de “erradicar”
a extrema pobreza –o que só ocorrerá quando nenhum brasileiro ganhar menos que
R$ 70 por mês, segundo o critério fixado pelo governo.
Análise: Apesar do inegável
avanço, beneficiados correm risco de voltar à miséria
O Ministério do Desenvolvimento
Social chegou a essa estimativa depois de comparar dados do Censo de 2010 com
as informações do Cadastro Único, a base de dados usada para administrar os
programas sociais.
Se essas pessoas não entrarem no
sistema, elas jamais serão incluídas em ações como o Bolsa Família, cujas
transferências foram ampliadas por Dilma, e, assim, não serão resgatadas da
extrema pobreza.
“Pretendemos fazer [o cadastro
dessas famílias] até o final do ano. A presidente já nos indicou que o processo
tem que ser acelerado”, disse o secretário para Superação da Extrema Pobreza do
ministério, Tiago Falcão.
Em junho de 2011, quando Dilma
lançou o Brasil sem Miséria, o plano com o qual espera cumprir sua promessa,
cálculos feitos com dados preliminares do Censo indicavam que existiam 800 mil
famílias fora do cadastro.
O governo então mobilizou as
prefeituras para localizar e incluir no sistema essas pessoas, em vez de
simplesmente esperar que elas aparecessem espontaneamente para se cadastrar.
Graças a essa iniciativa, 791 mil famílias foram encontradas.
Em abril do ano passado, o
governo teve acesso a dados mais detalhados do Censo e concluiu que o problema
era maior –cerca de 2 milhões de famílias miseráveis fora do cadastro, mais que
o dobro das 800 mil identificadas anteriormente.
De acordo com as estimativas do
ministério, ainda falta localizar 700 mil famílias que estão fora do cadastro
do governo –ou cerca de 2,5 milhões de pessoas, considerando uma média de 3,6
pessoas por família.
O Cadastro Único reúne
informações obtidas pelas prefeituras dos mais de 5,5 mil municípios do país,
que são responsáveis pela localização dos pobres e pelo preenchimento dos formulários
que alimentam o sistema.
A dificuldade de cadastrar essas
pessoas reside principalmente na falta de informação e no fato de elas estarem
em lugares muito distantes de qualquer estrutura estatal –dezenas de lanchas
passarão a ser usadas na busca por ribeirinhos miseráveis da região Norte do
país.
ANÚNCIO
As falhas do cadastro foram
citadas por Dilma no início do mês, quando a presidente disse que até março vai
zerar o número dos extremamente pobres constantes no sistema –desde 2011, 19,5
milhões dos 22,1 milhões de miseráveis cadastrados passaram a ganhar ao menos
R$ 71.
“Nós não podemos ficar
satisfeitos com isso, não, só zerar o cadastro. Nós temos de ir atrás dos que
faltam. Sabemos que tanto na cidade como na zona rural, no campo brasileiro,
ainda tem famílias abaixo da linha da pobreza não cadastradas.”
O governo prepara novas medidas
para zerar o número de miseráveis cadastrados e pode anunciá-las em evento na
próxima terça-feira.
Fonte: http://www.luiscardoso.com.br/
Fonte: http://www.luiscardoso.com.br/
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