Estamos extinguindo privilégios, diz secretário Márcio Jerry
Márcio Jerry, secretário de Articulação Política, diz que o momento é de muito trabalho e que os resultados aparecerão naturalmente, por isso ainda não está no momento de cobranças por resultado.
GILBERTO LIMA / de O Imparcial
Ele rejeita o título de
homem forte do governo. Mas é inegável perceber a força que Márcio Jerry
(PCdoB) possui no executivo estadual. Ao receber a reportagem de O Imparcial, o
secretário de Articulação Política, abreviou sua extensa agenda no Palácio dos
Leões - em que recebe diariamente, vereadores, deputados, prefeitos,
presidentes de sindicatos e outros – para falar um pouco do inicio da gestão de
Flávio Dino (PCdoB). O discurso parece afinado e nada destoa da fala do
governador. Palavras como mudança, pressa, republicanização e melhorias no IDH
são constantes na entrevista.
O secretário ainda fala
da sua relação com a classe política, deixa claro que o executivo não vai
interferir nos poderes e que pelo contrário, existe uma vontade do
fortalecimento de cada poder. Ele ainda fala dos resultados das ações que vão
ser apresentadas em breve, por isso não é razoável cobra-las agora, como alguns
já fazem.
Márcio Jerry aproveita
para falar de 2016, diz que está longe e que na hora certa vão conversas. Mas
deixa a entender que a parceria entre governo e prefeitura é um processo que
levará a reeleição de Edivaldo Holanda Júnior, candidato natural a ser apoiado
pelo PCdoB.
Confira na íntegra a
entrevista:
O Imparcial – Além de dívidas, existem mais problemas na
atual estrutura administrativa do estado?
Márcio Jerry – O
governador Flávio Dino recebeu o estado em situação preocupante. A dívida já é
conhecida por todos. Mas também problemas relacionados aos indicadores sociais
que são de ruins a péssimos. Portanto é uma situação histórica que vinha se
repetindo. Agravado com a desorganização administrativa. Houve um prejuízo por
conta da não realização de uma transição como deve ocorrer, com dados reais e
financeiros. Dessa forma recebemos um estado com pouca reserva de recursos,
apenas R$24 milhões em caixa e com prazos muito curtos para efetuação de
pagamentos. Tivemos uma responsabilidade em curtíssimo prazo também que é o
pagamento de uma parcela da dívida com Bank of America, enfim há uma situação
de gravida, não é discurso para justificar nada, pois o governador disse que
iria botar o governo para andar. Por isso é necessário reiterar que recebemos o
governo com muitas dívidas, um dos motivos que levou a transferência do
pagamento do ultimo dia do mês para o primeiro útil do seguinte, como forma de
garantir o cumprimento das obrigações do estado com o trabalhador. É uma
situação delicada, mas o governo encarou com seriedade e com metas
determinadas.
Pagamentos realizados entre os dias 29 e 31 de dezembro de
2014 foram suspensos, foram encontradas irregularidades?
Sim, houve uma série de
irregularidades, que estão sendo sistematizadas pela Casa Civil e pela
secretaria de Transparência e Controle, e serão oportunamente apresentadas de
forma clara e transparente. Foram pagamentos realizados no apagar das luzes,
que por si já são estranhos, chegando ao cúmulo de haver pagamentos sendo
realizados a empresas da própria família do governador interino. Existem outros
indícios. Outros pagamentos relativos a serviços, esses vão ser honrados. Mas
está sendo feito um trabalho minucioso para apresentar um perfil desses
recursos bloqueados.
O governador vem reiterando que tem pressa e existem prazos
para cumprimento de metas. Já existe uma definição de quando serão apresentados
balanços?
Já na posse o
governador anunciou uma série de medidas. Em primeiro lugar chamamos atenção
para erradicação das escolas de taipa, depois incorporação dos excedentes do
concurso dos militares e outras medidas, que visava mostrar trabalho, pois o
governo não está chorando sobre o leite derramado. Todos os secretários,
anterior a posse, apresentaram um paper ao governador, sobre o que pretendiam
fazer e os principais problemas de suas pastas. Isso foi avaliado pelo equipe e
são objetos de monitoramento permanente do que foi apresentado, para que não
haja um vácuo, nem paralisia, nem lentidão, pois a máquina não pode parar.
O governo chegou tomando algumas medidas que irritaram
alguns. Isso se deve ao fato que algumas benesses a poucos estão sendo
cortadas?
As medidas anunciadas
pelo governador tem tido amplo impacto na sociedade. A republicanização do
Convento das Mercês, que não era prioridade, mas conta do desenrolar dos fatos
ganhou notoriedade e foi aplaudido pelo público. O que há de descontentamento
são bem residuais e são de pessoas que não se acostumaram com um novo momento
determinada pela vontade soberana do povo. O que tem sido feito pelo
governador, tem recebido ampla aceitação popular e aplaudida pela população, acredito
que seguirá esse ritmo, pois temos mais novidades. O que está sendo feito é a
extinção de privilégios, pois só assim buscaremos as melhorias de políticas
públicas voltadas para a população.
É justo cobrar em menos de 30 dias, resultados desse governo?
É normal e
compreensível, mas ainda não é tempo de cobrar ações conclusivas do governo.
Existe uma mudança de atitude desse governo, pois é um novo jeito de governar e
os resultados vão chegar.
Márcio tu és considerado o homem forte do governo, o teu papel
vai além da Articulação Política?
Em primeiro lugar com
muita humildade, eu rejeito essa denominação de homem forte do governo. Existe
um homem forte que é o governador Flávio Dino. Não há abaixo dele, nenhum homem
ou mulher forte no governo. Todos estamos com a mesma missão de mudar o
Maranhão. O papel de dialogar com os secretários internamente é Casa Civil, e o
Marcelo Tavares tem muita capacidade para ocupar esse cargo. O meu papel é de
dialogo com o parlamento, com a sociedade ao lado do Chico Gonçalves da
secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular, com o governo federal ao
lado de Domingos Dutra da Representação Federal e junto aos prefeitos. Também
tenho uma relação mais ampla que é com os municípios, que vai além dos
prefeitos. O meu papel é de permitir que o governo tem diálogo permanente com a
sociedade, município e parlamento.
Vocês já definiram o tamanho da base governista na
Assembleia?
Nós esperamos ter a
maioria. Com um bloco ou blocos. É natural que seja assim, pois o povo do
Maranhão elegeu um programa de governo para comandar o executivo e há uma
vontade dos parlamentares em sintonizarem com esse propósito. Temos uma noção
que a imensa maioria dos deputados não faz oposição, mas sim tem um sentimento
de que todos se deem as mãos. Com respeito a oposição, que será bem tratada,
ouvida e respeitada.
Existe interferência do executivo na eleição da Assembleia?
Não há nenhuma
interferência do governo nessa disputa. Não existe apenas o discurso, mas a
necessidade de fato da republicanização, tanto que defendemos o fortalecimento
do executivo, do legislativo e do judiciário. Os poderes devem atuar em uma
agenda que promova a mudança. Portanto não haverá em hipótese alguma do
executivo no que vai acontecer no legislativo. O parlamento é livre e é
importante que seja assim.
Já existe um nome a ser indicado para liderança do governo?
Nós estamos examinando
alguns cenários, nomes que podem assumir o governo. Pode inclusive ser alguém
que não apoiou a nossa coligação. Isso não é uma regra. Não adotamos esse
critério. Nos próximos dez dias iremos avançar na escolha desse nome, assim
como a eleição e a montagem da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.
Como está a parceria com a prefeitura?
Desde o dia 5 de
janeiro, o governador recebeu o prefeito Edivaldo Holanda Júnior, que é nosso
aliado político, como todos sabem. Já iniciamos a discussão do assunto
parceria, que envolve o Centro Histórico, temos também um programa de
asfaltamento em São Luís, o qual será feito também em Imperatriz e Timon. Outra
área importante é a de mobilidade urbana, onde iremos encontrar soluções para
os problemas atuais.
E quanto à eleição de 2016, o que vocês estão pensando?
A eleição de 2016 está
longe. Temos vários companheiros que podem vir a disputar o cargo, mas nós
temos um prefeito que é candidato natural à reeleição. O nosso partido é aliado
e integra esse projeto com muita desenvoltura. Por isso é legitimo que Edivaldo
pleiteei a vontade de ser reeleito. Mas hoje o principal objetivo do nosso
governo é desenvolver o trabalho em parceria. Edivaldo governou por dois anos,
sem nenhum gesto e agora essa situação vai mudar. Nós estamos irmanados,
integrados e quando for o momento certo, os partidos vão se reunir e definir
candidaturas a prefeito, vice-prefeito e vereador.
Além de secretário, o senhor é presidente do PCdoB e claro
pensa no desenvolvimento do partido. É errado pensar que Flávio Dino possa
chegar à presidência da República?
Não diria errado, mas
isso não frequenta o debate partidário. A preocupação número um do governador é
governar bem. Este é o foco e único. Assim que Flávio Dino acorda e dorme,
pensando em trabalhar de forma incessante por melhorias no estado. Na política,
como na vida é importante cumprir etapas da melhor forma possível. E agora é
necessário Flávio Dino governar bem. O que o PCdoB colherá futuramente será o
bom exemplo de governar, o que ajuda a melhorar a imagem do partido, que tem
uma grande contribuição ao processo democrático no país. Temos uma experiência
concreta e que anima os comunistas do país.
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