Aprovado congelamento de salários do setor público; saúde e segurança ficam de fora
Os senadores Weverton (no telão) e Davi na
sessão remota deste sábado. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado |
A aprovação do congelamento de salários dos servidores públicos municipais, estaduais e federais e dos membros dos três Poderes até dezembro de 2021 foi um dos pontos mais discutidos entre os senadores, neste sábado (2), na votação do substitutivo aos Projetos de Lei Complementar (PLPs) 149/2019 e 39/2020. O texto estabelece a compensação a estados e municípios pela perda de arrecadação provocada pela pandemia de coronavírus.
A
suspensão do reajuste de salários por 18 meses foi negociada com o governo pelo
presidente do Senado, Davi Alcolumbre, relator da matéria, como contrapartida
ao auxílio financeiro da União aos estados, ao Distrito Federal e aos
municípios para mitigar os efeitos da covid-19. Davi atuou para garantir os
recursos sem a necessidade de corte salarial em 25%, que era a proposta inicial
do Executivo. Foram excluídos do congelamento os servidores da saúde, da
segurança pública e das Forças Armadas.
A
vedação ao crescimento da folha de pagamento da União, estados e municípios
está entre as medidas adicionais do programa de enfrentamento à doença. Os
entes federados ficam proibidos de reajustar salários, reestruturar a carreira,
contratar pessoal (exceto para repor vagas abertas) e conceder progressões a
funcionários públicos por um ano e meio.
A
economia estimada é de cerca de R$ 130 bilhões, sendo R$ 69 bilhões para os
estados e o Distrito Federal e R$ 61 bilhões para os municípios, até o final de
2021.
Exceções
Boa
parte das emendas dos senadores aos projetos pedia a retirada da vedação aos
reajustes salariais. Essa também foi a finalidade dos destaques apresentados
pelos líderes partidários Eliziane Gama (Cidadania-MA), Randolfe Rodrigues
(Rede-AP), Alvaro Dias (Podemos-PR) e Telmário Mota (Pros-RR). Os senadores
queriam garantir, especialmente, a possibilidade de aumento para os servidores
da saúde e da segurança pública.
—
São servidores que têm dado, literalmente, a vida. Nós temos um percentual
grande de profissionais da área da saúde que, infelizmente, estão sendo
contaminados, trazendo perdas terríveis para a família, para o Brasil e para
todos nós — ressaltou Eliziane.
—
Imagine aquelas pessoas que estão saindo de casa, como o profissional da área
de segurança, o agente de trânsito, o guarda municipal, o policial militar, o
policial civil, o médico, o enfermeiro: toda essa gente está na linha de
frente, colocando sua vida em risco para poder dar garantia de vida para os
demais. Então, o mínimo que esta Casa pode fazer é essa honra ao mérito dessas
pessoas — afirmou Telmário.
Os
senadores Major Olimpio (PSL-SP) e Marcos do Val (Podemos-ES), entre outros,
saíram em defesa do reajuste para os servidores das Forças Armadas.
—
Nós devemos também incluir nessa necessidade fundamental, e não vai haver
nenhum custo para a União. As Forças Armadas já não têm quinquênio, não têm
triênio, não têm anuênio, não têm mais nada disso — pontuou Major Olimpio.
Em
acordo sugerido por Eduardo Braga (MDB-AM), os senadores retiraram os destaques
para acelerar a votação, e a exceção aos servidores dessas áreas essenciais, e
também das Forças Armadas, foi incluída no relatório de Davi Alcolumbre.
—
Eu queria agradecer a todos os senadores e senadoras que se manifestaram em
relação a nós excetuarmos [esses servidores] deste projeto e protegermos
aqueles que estão na ponta, salvando e preservando a vida e a segurança dos
brasileiros — disse Davi.
O
líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), elogiou o texto de
consenso de Davi, que buscou conciliar interesses do Congresso e da equipe
econômica do governo.
—
A construção desse entendimento foi muito importante. Foi muito importante a
participação do ministro Paulo Guedes, que agora durante a sessão, nos apelos
que foram feitos por diversos senadores em relação à excepcionalização dos
servidores da área de segurança pública, da área da defesa e da área da saúde,
permitiu que a gente avançasse nas negociações nesse sentido — declarou.
Tempo
de serviço
Apesar
de considerar um avanço a exceção concedida aos servidores que fazem o
atendimento direto às vítimas da covid-19, Randolfe Rodrigues manteve o
destaque apresentado por ele para impedir que houvesse prejuízo aos
trabalhadores na contagem do tempo de serviço.
—
O que nós queremos ressalvar? É em relação a todos os servidores, não somente
de um grupo, que seja preservado o tempo de serviço público, seja preservado o
direito à progressão. O mínimo que estamos querendo é pelo menos isso. Não é
hora de sacrificar quem quer que seja — explicou.
Em
resposta a Randolfe, o substitutivo foi alterado para deixar claro que não
haverá qualquer prejuízo para o tempo de efetivo exercício, aposentadoria e
outros fins.
É
proibido, entretanto, contar esse tempo como de período aquisitivo necessário
para a concessão de anuênios, triênios, quinquênios, licenças-prêmio e demais
mecanismos equivalentes que aumentem a despesa com pessoal em decorrência da
aquisição de determinado tempo de serviço.
Os
senadores Styvenson Valentim (Podemos-RN), Izalci Lucas (PSDB-DF), Arolde de
Oliveira (PSD-RJ) e Eduardo Gomes (MDB-TO) também apresentaram emendas para
assegurar a contagem de tempo para promoções, progressões e outros benefícios.
Foi acatada a proposta para preservar as carreiras militares, entre os
ocupantes de cargos estruturados em carreiras, como explicou o relator.
—
É o caso dos militares federais e dos estados. A ascensão funcional não se dá
por mero decurso de tempo, mas depende de abertura de vagas e disputa por
merecimento. Não faria sentido estancar essa movimentação, pois deixaria cargos
vagos e dificultaria o gerenciamento dos batalhões durante e logo após o estado
de calamidade — justificou Davi.
Ex
- territórios
Foram
acatadas ainda as emendas apresentadas pelos senadores Chico Rodrigues
(DEM-RR), Lucas Barreto (PSD-AP) e Randolfe Rodrigues para que a proibição de
contratação não se aplique aos servidores dos ex-territórios federais que serão
integrados a quadro em extinção da União.
Fonte:
Agência Senado
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