VISITA DE 7º DIA DE D. ZEILE E DE UM MÊS DE SEU IVAN

Será manhã  dia 20 de julho, sábado, às 7:00h da manhã, na Igreja de N. Sra. de Guadalupe (Beira Rio) a Celebração da Palavra, no sétimo dia de falecimento de D. Maria Zeile do Amaral Brito e um mês de falecimento do Sr. Ivan Cerqueira Brito.

Poucos dias antes de seu falecimento Dr. Décio Rocha fez um comentário a respeito da vida do Sr. Ivan e D. Zeile, leia BLOG DÉCIO HELDER DO AMARAL ROCHA



Hoje aposentado e recolhido a uma chácara, onde vive apenas com a mulher, Maria Zeile do Amaral Brito, e dois netinhos, Ivan Brito, com problemas cardíacos e diabetes, está completamente diferente daquele carnavalesco nato, proprietário e administrador da mais completa organização de bar, clube, sorveteria, cinema e teatro que Alto Parnaíba teve em sua história. E isso quando não tínhamos luz elétrica.

Localizado estrategicamente em frente ao rio Parnaíba, na esquina da hoje avenida Rio Parnaíba com o largo Poeta Luiz Amaral, o clube Vitória simboliza, mesmo desativado, o carnaval do passado na mais meridional das cidades maranhenses. Ainda criança, pude testemunhar o espetáculo local, infelizmente não conservado. As festas de Momo iniciavam-se e se encerram no clube Vitória; os blocos organizados e foliões dançavam nas ruas da cidade e se encontravam no bar do Ivan. E isso desde o pai de Ivan Brito, Cândido Lustosa de Brito Filho, falecido em 1950 quando estava viajando a São Paulo.



Como eu disse no início, não tínhamos eletricidade. Ivan possuía gerador próprio. O balcão era elétrico, o sorvete de frutas naturais do lugar  feito por tia Zeile, Altina e outras pessoas da casa, era uma delícia, assim como o picolé. No bar, além da sorveteria, bebidas alcoólicas, sucos, refrigerantes e lanches, as sinucas, uma das quais enorme, que mais tarde a AABB, do Banco do Brasil, a adquiriu quando do fechamento do clube. No amplo salão de festas, o palco onde peças do teatro amador vitoriense alto-parnaibano eram encenadas; Ivan também era ator. Peças escritas e dirigidas por Luiz Amaral e outros intelectuais da terra lotavam o Theatro Victória (a grafia era essa). Na tela grande, filmes americanos dominavam as noites sertanejas da velha cidade. Ainda assiti, com meus pais, a alguns filmes e a uma apresentação de um mágico no teatro. Era mágico.

No entanto, o carnaval era a sensação. Homens vestidos de mulheres, como o próprio Ivan, fantasias diversificadas, blocos organizados - eu topo tudo, sou boa vida, o meu negócio é Alto Parnaíba. Se tem cerveja eu bebo, se tem cachaça também, eu sou um só e não ligo prá ninguém... com as músias adaptadas, a maioria marchinhas, pelos próprios foliões. Clima de paz, de harmonia e entrosamento social saudável eram as exigências do também rígido Ivan Brito na condução do carnaval, que, igual aos blocos das grandes cidades, os preparativos antecediam bastante ao próprio carnaval. Os músicos (sanfoneiros) eram da terra, como Zé Pequeno, Sadi Soares e Saló Brito. Todas as festas no clube e os blocos nas ruas eram animadíssimos. É uma pena que nosso carnaval próprio não mais exista. Chegou o momento de revitalizá-lo, a partir da criação da Secretaria Municipal de Cultura, projeto de lei enviado à Câmara de Vereadores, aprovado unanimemente e já sancionado pelo Prefeito Itamar Vieira.


Foto: Ano de 1980. Ivan fantasiado começando a dançar. Atrás dele, consegui distinguir o casal Iglésia e Antonio Rocha Neto,  Célio Antonio da Silva, hoje de saudosa memória, e Neuman Alves Pires.  Arquivo de Antônio Cândido Brito, o Candim, filho caçula de Ivan.
 

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